quarta-feira, 14 de maio de 2008

Assistencialismo ou luta de classe?

O debate em torno do conceito de classes está presente na tradição clássica e contemporânea da sociologia, embora antes mesmo de uma consolidação de uma ciência sociológica já existissem classes fundamentais nos seus respectivos momentos históricos. O que não se tinha era uma análise sistemática de tal conceito.
O marxismo traz contribuição importante para esta análise tomando como categoria as relações de produção no sistema capitalista, onde a estrutura econômica é fator preponderante para constituição das classes. É dito marcadamente no conceito marxista a existência de duas classes fundamentais no Modo de Produção Capitalista. Proletariado e burguesia. Estas constituem-se num processo histórico-dialético entre relações sociais e econômicas, de distribuição de bens e serviços.
É importante frisar a idéia de “consciência em si” e “consciência para si” que, segundo Lukács, teórico marxista, é fundamental na constituição real de uma luta de classes.
Weber em seus estudos sobre a estratificação social acrescenta as categorias “status” e partido, assim como o conceito de poder para justificar que na constituição da luta de classes do sistema capitalista não é a ordem econômica única formadora de uma “situação de classe”. Temos aí a questão da “honra social” e do poder político.
Foi com esta base que se iniciaram os debates sobre a luta de classes, e é com estes fundamentos que neomarxistas e neoweberianos, assim como funcionalistas, vão travar uma discussão até certo ponto com uma confusão de conceitos para a compreensão do capitalismo avançado. Crise no mundo do trabalho e futuro das classes são temas recorrentes nos estudos de estratificação no Brasil.
Entra aí, por que não, a discussão que é tão recorrente nos dias atuais. O assistencialismo tornou-se um modo corriqueiro das elites econômicas e dos despossuídos de capital, mas com “boa vontade”, massagearem seus egos e se sentirem tranqüilos perante as desigualdades e problemas enfrentados no mundo atual. “Natal sem fome”, “Ação”, “Criança Esperança”, “Fome Zero”, “Bolsa escola”, etc. constituem projetos transformadores de uma realidade ou faz parte de um maquiavelismo político que traz consciente ou inconscientemente uma luta em busca de uma manutenção de classe no poder? Seria o assistencialismo um modo do sistema capitalista em sua transição para o neoliberalismo alienar um sujeito na história fazendo perder-se, ou nunca chegar a ter, sua “consciência para si”; dizendo “Adeus ao proletariado”; fazendo com que na luta de classes só um lado esteja ativo? Há que se discutir.
George Ardilles
Bacharelando em Ciências Sociais da UFPB

Um comentário:

Marcelo Avelino Soares disse...

Gostei do teu texto George. Você tematizou algo muito pertinente. Parabéns! Talvez eu num futuro próximo possa escrever algo a partir deste tema trazido por você no blog do Paulo, para que a gente possa realizar esta discussão a qual você se refere. Aguarde-me, ok. Um abraço, marcelo.